sexta-feira, 2 de maio de 2008

Reflexões importantes

Quando iniciamos o ano letivo, cheios de expectativas e ansiedade, nos deparamos com os documentos da Nova Proposta Curricular. Nesse momento, nos propusemos a conhecê-los, analisá-los e criticá-los, conforme as orientações da própria Secretaria da Educação. Isto significa que precisamos organizar um movimento conjunto, que começa pelo estudo do material, para, em seguida, nos empenharmos na sua implementação. Proponho que não sejamos passivos diante das mudanças, aceitando-as sem nenhuma crítica, mas também não nos antecipemos em opinar quando ainda estamos em fase de análise do material e das suas possibilidades e ainda não encaminhamos todas as ações com os alunos.
Mantenho a orientação para que encaminhem com antecedência toda solicitação de material pedagógico (mesmo os mais difíceis) para que busquemos soluções e, não as encontrando, informemos aos coordenadores da proposta sobre o que não pode ser implementado tendo em vista a realidade da escola e da sala de aula. A S.E.E. só poderá dimensionar o que ainda impede a melhoria do ensino na escola pública quando receber dos professores da rede relatos consistentes e bem fundamentados.
Consideremos, por outro lado, que, de posse dos diferentes saberes docentes - o teórico (a ciência em que nos especializamos), o técnico (conhecimento sobre métodos e técnicas de ensino) e os saberes da experiência, muito se pode e se deve realizar, pois o tempo dos alunos é agora. Diante deles, não podemos ficar paralisados pelas dificuldades, quer sejam elas materiais ou sociais, uma vez que, ao escolhermos a carreira, éramos sabedores da existência delas. Nossos alunos precisam ser atendidos. Esse foi o nosso compromisso, com o risco de, não o fazendo, perpetuarmos por mais uma geração, as conseqüências individuais e coletivas de uma escolaridade precária.
Para compreender melhor o que está se passando, acompanhá-los em suas dificuldades, orientando e oferecendo o respaldo necessário, estarei presente nas salas de aula, tecendo relatos e observações que poderão ser lidos e sobre os quais vocês terão espaço aberto para também observar e opinar. Desses momentos de observação, além do auxílio à implementação da proposta, buscarei também os temas para o trabalho de formação continuada.
Quero também lembrá-los que, antes de tudo, também sou professora e me sinto envolvida na análise da Nova Proposta da mesma forma que vocês. Por outro lado, decidi assumir a responsabilidade de coordenar o trabalho pedagógico, significando, para mim, um compromisso com a educação pública, a qual passou da hora de deixar de ser “pobre” para pobre, perpetuando a pobreza em todos os sentidos – material, intelectual e política
[1].
Por tudo isso, quero relembrar o que escrevi e lhes entreguei no dia em que assumi novamente a coordenação desta escola, que é a síntese da nossa Proposta Pedagógica:

“oferecer educação de qualidade, assentada em conhecimentos científicos transformados em saberes escolares, que prepare os jovens para a vida prática e, por outro lado, organizada pedagogicamente numa concepção sócio-construtivista, desenvolva o espírito crítico, a capacidade de interferir e buscar soluções para os problemas que nos afetam, com base em valores como justiça, solidariedade e respeito à vida em todas as suas formas.”

E pensar que essa educação é possível, sonhar com essa realização, é o primeiro passo para realizá-la.

[1] * Essa interpretação sobre a qualidade da educação pública, com a qual eu concordo, está presente nos textos sobre o tema de autoria do Prof. Pedro Demo.

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